Fluxo Soluções
 / março 2017

Planos B Positivos?

O ano de 2017 poderá nos surpreender. Já há algumas indicações nesse sentido. Estamos começando o ano de forma diferente. Já em alta velocidade, sem esperas. Sem esperar pelo final das férias. Sem esperar o carnaval. O longo período de recessão que temos vivido parece estar nos ajudando a moldar uma atitude diferente em relação às incertezas, instabilidades e mudanças rápidas, que cada vez mais fortemente caracterizam os tempos que estamos vivendo. Se tínhamos esperança de alguma estabilidade, ela foi gradualmente se esvaindo, deixando no lugar uma atitude de prontidão, de estar preparado para o que der e vier. Parece que estamos todos nós convencidos que os tempos de contínuos altos e baixos e muitas surpresas vieram para ficar. Vão agora fazer parte da vida de todos nós daqui para a frente.

Mas... estamos todos preparados para reagir rapidamente a esses altos e baixos? Como está nossa criatividade coletiva? Não será ela fundamental para navegar nesse mundo novo – cheio de surpresas – que está emergindo de forma cada vez mais intensa? Para fazer essa nossa criatividade coletiva saltar de patamar vamos precisar, em primeiro lugar, deixar de lado as “estruturas” – muitas delas centenárias e baseadas numa cultura mecânica, hierárquica de comando e controle – que abafam a criatividade de nossas equipes e do próprio “ecossistema” de stakeholders que compõem nossas organizações.

Por outro lado, mesmo que a criatividade coletiva esteja liberada não podemos levar meses para criar o que se faz necessário. Temos que desenvolver condições de improvisar e criar soluções inéditas e de alta qualidade praticamente em tempo real, à medida que as coisas vão acontecendo. A preparação para essa criação instantânea parece ser outra prioridade. No entanto, o desenvolvimento desse novo tipo de criatividade, altamente intuitiva e veloz, parece receber ainda pouca atenção em nossas organizações.

Para que a velocidade do fazer acontecer venha a atingir os níveis necessários podemos ainda precisar de um tipo especial de “prevenção”: um pensar antecipativo e a criação de vários tipos de “planos B”. E aqui não estamos nos referindo tão somente a planos B negativos. Nossas recomendações ultimamente têm sido também na direção de “planos B positivos” para a eventualidade de um crescimento rápido e fora do comum do contexto de negócios. (Essa foi a essência da mensagem de final de ano que enviamos para nossa rede de parceiros, clientes e amigos). A provocação que temos feito está expressa nesta questão: “Sua organização está preparada para o aproveitamento máximo de todas as oportunidades que uma recuperação mais acelerada da economia irá abrir? ou sua organização está presa a uma cultura de pessimismo e acostumou-se a fazer ‘planos B’ somente para baixo, para os casos de piora da situação geral? Como reverter essa cultura na direção de uma atitude geral mais construtiva e proativa?”.

Para concluir, cabem ainda outras questões provocativas no processo de pensar o futuro: “Somos sempre sujeitos passivos (dentro do todo maior) que simplesmente reagem aos acontecimentos externos?” Nessa linha, há outras questões derivadas que ajudam a nos tirar de nossas zonas de conforto: “Esses acontecimentos externos são gerados por quem: por instituições abstratas ou por pessoas – como eu e você?”. “ Se somos conscientes de que fazemos parte desse todo, que gera as tais ‘condições externas’, estamos atuando para fazer os acontecimentos irem para baixo ou para novos patamares de desenvolvimento?”

Nos dias de hoje (ou será que sempre deveria ter sido assim...?) parece fundamental que olhemos para além das fronteiras de nossas organizações. Não só no sentido de reagir rapidamente em relação ao ambiente externo, mas para fazer essas condições externas serem melhoradas, transformadas – continuamente – em prol do bem de todos.

Que tal transcender a ideia de planos B de reação a mudanças que chegam a nós e passar a pensar em planos alternativos de criação proativa de um ambiente externo muito mais próximo do ideal, de nossos sonhos? Que tal nos tornarmos um megatime de ativistas, para, em mutirão, construirmos o melhor para o nosso país e para o todo maior? Até que ponto vamos ter que transcender todo tipo de egoísmo – inclusive o “egoísmo coletivo” que nos prende nos limites de nossas organizações – para nos envolvermos como cidadãos ativos no processo de verdadeira faxina de tudo que vem impedindo um processo de evolução das condições externas no nível que desejamos e merecemos? Não seria também pela superação de todo tipo de egoísmo que nos tornaremos extremamente ativos na construção das “condições externas” que farão acontecer o melhor para todos e para o todo? Não seria a partir de um grande mutirão pelo desenvolvimento de nosso país que estaremos gerando surpresas positivas de forma contínua que nos farão até mudar o conceito tradicional de “plano B”...?

Oscar Motomura é o fundador e CEO do Grupo Amana-Key, uma organização focada em inovações radicais em gestão, estratégia e liderança de organizações empresariais e governamentais.

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