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 / janeiro 2012

Petróleo: esperança em meio à crise

A crise econômica mundial vem mostrando seus reflexos sobre o mercado de petróleo. Os principais analistas internacionais reviram suas expectativas de demanda para baixo e, aparte a ligeira recuperação dos últimos dias, o preço recuou cerca de US$ 100 por barril desde o seu pico, em julho do ano passado. Na realidade, a demanda mundial por petróleo já vinha caindo mesmo antes do agravamento da crise financeira, em setembro, em consequência da própria elevação do preço do barril.

Mas os efeitos da crise são evidentes. A brusca redução dos preços, independente dos fatores que a motivou, somou-se às projeções de retração ainda maior da demanda, resultando em reversão de expectativas e mudança de comportamento por parte de quase todas as principais empresas petrolíferas no mundo, privadas ou estatais. As dificuldades na geração de caixa e a redução da oferta de crédito, em especial para as empresas de menor porte, agravam ainda mais o quadro e sugerem estratégias mais conservadoras.

O resultado foi uma boa safra de anúncios de redução de investimentos e adiamento de projetos nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás em diversas partes do mundo. Devido à demanda em desaceleração, aos elevados custos herdados do ciclo de alta dos preços e à dificuldade na busca de financiamentos para projetos, estão caindo os investimentos das empresas.

Em sentido contrário, o setor petrolífero brasileiro tem dado sinais de que vai acelerar o ritmo, motivado, especialmente, pelo elevado potencial dos prospectos do pré-sal. Após o anúncio da Petrobras de um incremento significativo dos investimentos previstos para os próximos cinco anos, grandes empresas internacionais que atuam no Brasil também divulgaram sua intenção de acelerar seu ritmo de investimentos no país, se distanciando nitidamente de suas estratégias em outras partes do mundo. Caso da britânica BG, da americana Hess e da espanhola Repsol.

São esperados investimentos totais em petróleo e gás no Brasil da ordem de 195 bilhões de Dólares até 2013, dos quais cerca de 60% vão para os projetos do segmento de exploração e produção. E o aumento esperado na produção permitirá que o Brasil exporte volumes importantes de petróleo e derivados, com impactos significativos sobre a balança comercial e sobre o crescimento do país.

Na atual conjuntura, o setor de petróleo tem um importante papel na economia brasileira pelo efeito anti-cíclico que seus expressivos investimentos e sua demanda por bens e serviços poderá causar. Além disso, a futura produção permitirá uma substancial elevação das participações governamentais (royalties e participação especial), com efeitos positivos sobre as contas públicas e sobre a capacidade de investimento do Estado.

João Carlos de Luca é engenheiro, ex-Petrobras, onde atuou como superintendente da Bacia de Campos, diretor de E&P, membro do Conselho de Administração e subsidiárias e consultor da vice-presidência executiva da Braspetro. Foi presidente da YPF e atualmente é presidente da Repsol YPF Brasil. Assume ainda a presidência do IBP, a vice-presidência do Comitê de Cooperação Empresarial da FGV, a vice-presidência e coordenação do Comitê de Petróleo e Gás da ABDIB, além de participar do World Petroleum Council como secretário do Comitê Nacional Brasileiro.

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