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 / maio 2025

Do plástico para o óleo: Brasil receberá planta inédita de reciclagem química

Projeto pioneiro coloca o Brasil na vanguarda da inovação em reciclagem avançada, com tecnologia capaz de converter resíduos plásticos em óleo de alto valor agregado às indústrias químicas e petroquímicas.
Por Ben Richters
Do plástico para o óleo: Brasil receberá planta inédita de reciclagem química

O Grupo ENESPA e a FLUXO, sua representante e distribuidora exclusiva no país, fornecerão uma planta inédita de reciclagem química sobre skid ao Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).

A aquisição, apoiada pelo Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES/PETROBRAS), visa a pesquisa científica e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para transformar resíduos plásticos em produtos de alto valor agregado às indústrias químicas e petroquímicas.

Com operação prevista para o segundo semestre deste ano, a instalação da planta KUBUS em uma instituição de renome como a COPPE, representa um passo estratégico para concretizar a visão da ENESPA de consolidar a reciclagem química como um pilar central da economia circular, além de mitigar os desafios associados ao descarte inadequado de plástico no país, gerando benefícios para as futuras gerações.

A ENESPA opera uma planta idêntica, em Tangstedt, Alemanha, para o avanço contínuo da tecnologia. De acordo com Julian Dick, Project Manager da ENESPA, pesquisa é crucial para destravar a plena potencialidade da reciclagem química. “Com esta planta, estamos lançando as fundações para os novos passos para o desenvolvimento da Economia Circular”.

Engenheiros químicos e petroquímicos do mercado nacional e internacional têm motivos para acompanhar de perto esta inovação, afinal, trata-se de um marco significativo no desenvolvimento de tecnologias mais limpas e na implementação efetiva da economia circular na indústria. A natureza modular da planta sobre skid a torna especialmente interessante para outros institutos de pesquisa e laboratórios de indústrias químicas e petroquímicas, facilitando a replicação e a adaptação da tecnologia para diferentes contextos.

Funcionamento da Planta KUBUS: transformando plástico em óleo

A KUBUS será equipada com um picador e um sistema de flare para a termo-oxidação de gases não condensáveis, garantindo a segurança e a eficiência do processo. Com uma capacidade de processamento de até uma tonelada por dia de resíduos plásticos à base de poliolefinas, a tecnologia inovadora da ENESPA, conhecida como “do plástico para o óleo”, converte o material em óleo de pirólise de alta qualidade (PPO).

Para dar início ao processo, o lixo plástico, composto predominantemente por Polietileno (PE) e Polipropileno (PP), é compactado numa extrusora. Em seguida, o material fundido é submetido à reação de pirólise em um reator tubular, sob temperaturas controladas entre 400 °C e 500 °C. O vapor resultante da pirólise é então liquefeito em um sistema de condensação de dois estágios, culminando na obtenção do óleo de pirólise. Os gases não condensáveis são descarregados do sistema na forma de gás de pirólise com elevado conteúdo energético, podendo, após tratamento, ser utilizados para geração de energia e otimização da eficiência da planta.

Produção de matérias-primas de valor a partir de resíduos plásticos

  1. Módulo de extrusão: Degradação térmica dos resíduos plásticos em recipiente hermeticamente vedado;
  2. Reator pirolítico: Decomposição termoquímica em ambiente controlado sem oxigênio;
  3. Descarga residual: Descarga de elementos não pirolisáveis;
  4. Módulo de condensação: Transformação dos vapores de pirólise em óleo pirolítico (PPO).

“É uma forma de conectar pesquisa, indústria e sustentabilidade. Um ciclo virtuoso que começa nos laboratórios e pode transformar o jeito como lidamos com o lixo plástico no Brasil e no mundo.”

Hideo Hama, presidente da FLUXO

Parceria estratégica impulsiona a inovação e o desenvolvimento industrial

A FLUXO e a COPPE firmaram acordo que prevê a disponibilização da planta para a realização de testes com amostras de plásticos fornecidas por potenciais clientes, além da emissão de laudos técnicos detalhados, elaborados pela universidade, avaliando a viabilidade técnico- econômica da implementação de plantas de pirólise em suas regiões. Para estes clientes, tanto a FLUXO como a ENESPA demonstram interesse em direcionar os óleos de pirólise produzidos a possíveis usuários finais, fomentando um novo mercado para o produto reciclado.

Olhando para o futuro: produção nacional, impacto ambiental e social

Em uma perspectiva futura, considera-se a possibilidade dos equipamentos da ENESPA serem fabricados pela FLUXO no Brasil, o que permitiria o acesso a financiamento por meio do FINAME. Esta iniciativa contribuirá significativamente para os princípios de ESG, ao fortalecer a cadeia de valor da reciclagem, promover a inclusão de cooperativas de catadores de lixo, reduzir impactos ambientais associados ao descarte de plásticos e ampliar as oportunidades econômicas ligadas à comercialização de subprodutos da pirólise e à adoção de práticas sustentáveis.

ENESPA – com presença na Suíça, Liechtenstein, Alemanha e Estados Unidos, a empresa é reconhecida por sua atuação inovadora no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a Economia Circular. Projeta, constrói e opera tecnologias de ponta voltadas à reciclagem química de resíduos plásticos e à pirólise de pneus, utilizando metodologia pioneira desenvolvida com o apoio de seus laboratórios próprios de pesquisa.

COPPE - o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia é um dos principais centros de excelência em engenharia da América Latina. Integrante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com forte ênfase em pesquisa e inovação, atua em estreita colaboração com a indústria, o governo e instituições acadêmicas no desenvolvimento de soluções tecnológicas para os desafios da sociedade.

Autor do artigo

Ben Richters. Diretor de Tecnologia da ENESPA

Após concluir sua formação técnica e adquirir experiência profissional inicial no setor automotivo, Ben Richters iniciou sua formação em engenharia mecânica. Como engenheiro graduado, passou a se dedicar à engenharia industrial, especialmente no campo da indústria petroquímica. Em 2015, tornou-se empreendedor no setor de economia circular baseada em tecnologia verde. Em meados de 2022, ingressou na ENESPA como desenvolvedor do seu protótipo de planta de pirólise.