Nos quase 40 anos que trabalhei no setor energético, passei pela maior parte da indústria de petróleo e gás: Flopetrol-Schlumberger, Petrobras, IBP, Secretaria de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ministério de Minas e Energia, Pré Sal Petróleo, ES Gás, ONIP…, mas ainda faltava o desafio de empreender nesse mercado, sem uma “rede de segurança”.
Criar mais uma empresa de petróleo? Não, a ideia foi desenvolver uma plataforma de energia, uma companhia dedicada a integrar ecossistemas, unindo o óleo e gás com biocombustíveis e as mais diversas formas de energia, especialmente a humana. E assim a EnP Energy Platform foi lançada no Rio de Janeiro no dia 10 de março de 2020, uma semana antes do Brasil mergulhar no mais longo “toque de recolher”.
Em poucos dias, a economia despencou e o mundo deixou quase que instantaneamente seu modo analógico e se digitalizou em home-offices, lives, webinars e outras formas de interação. No Brasil, uma estatística duríssima, 57 milhões de pessoas inscritas no programa de ajuda do Governo Federal. Se cada uma delas tiver um dependente em média, isso envolve mais de 100 milhões de pessoas, quase metade de nossa população. Esse cenário nos exigiu uma atitude proativa.
Desse modo, ajustamos as velas e seguimos avançando, mesmo durante a pandemia, conectando, articulando e inovando, como diz o slogan da EnP. Assim, estabelecemos alianças estratégicas importantes, no Brasil e no exterior, a exemplo da Datagro – integração de óleo e gás com biocombustíveis e desenvolvimento de um fundo de investimentos em ecossistemas energéticos; Oil Group – construção no Espírito Santo de uma refinaria e de uma planta de lubrificantes; além de estarmos inscritos como empresa operadora na segunda rodada do leilão de oferta permanente de áreas de E&P na ANP.
A terra brasileira, em sua superfície, é celeiro de alimentos para o mundo. Já em seu subsolo, um potencial inexplorado de óleo & gás e outros tesouros, todos eles em oferta, oportunidade única no mundo. Uma nova equação precisava ser proposta.
Como colocar essa e outras riquezas minerais a serviço de milhões de pessoas e da forma mais simples e distribuída possível? Como motivar e ocupar os milhares e milhares de jovens, altamente capacitados, com formação nas áreas de petróleo, gás, biocombustíveis e correlatas? Como aproveitar a geração que já tem 30, 40 ou 50 anos de experiência nesses setores?
A resposta vem naturalmente. Juntar jovens e veteranos, acessar essas riquezas, tirá-las do seio da terra e colocá-las a serviço da prosperidade local, regional e nacional. A nossa equação é simples, pode parecer muito ousada, mas a História deverá mostrar que, na realidade, é muito acanhada. Criar 1000 empresas e, em 10 anos, produzir 1 milhão de barris diários de energia equivalente, compondo um ecossistema com etanol, biodiesel, biogás, bioquerosene de aviação e outras energias, notadamente emana da brava gente brasileira um verdadeiro sincretismo energético.
Desse ponto em diante, para quem ainda tem dúvida sobre qual atitude tomar, compartilho o poema de Johann Göethe, intitulado Ante o Compromisso:
“Antes do compromisso há hesitação, a possibilidade de recuar e sempre a ineficácia.
Em relação a todos os atos de iniciativa e de criação, existe uma verdade elementar cujo desconhecimento destrói muitas ideias e planos esplêndidos.
No momento em que nos comprometemos de fato, a providência move-se também. Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar, coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Todo um fluir de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor toda sorte de incidentes, encontros e assistência material, que ninguém sonharia que viesse em sua direção.
O que você queira fazer ou sonhe que possa, você pode e deve começar.
A coragem contém genialidade, poder e magia de realizar-se.
Comece agora!
Marcio Felix é Engenheiro Eletrônico e de Petróleo com MBA em gestão empresarial. Boa parte de sua carreira, formada por 4 décadas no setor de petróleo, gás e energia, foi construída na Petrobras, onde se manteve por 36 anos. Marcio foi ainda diretor do IBP, secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo e Secretário Executivo no Ministério de Minas e Energia. Hoje, dedica-se uma empresa inovadora no setor energético, a EnP Energy Platform, onde é o atual presidente.