Os Desafios da Engenharia Industrial
Atualmente o Brasil passa pela maior crise econômica e política de sua história. As consequências atingiram todos os segmentos de negócio do país sem exceção, incluindo a engenharia industrial, que é considerada um vetor fundamental de sustentação para o crescimento da infraestrutura brasileira e que está fortemente ligado à promoção da tecnologia e inovação.
Muito se fala sobre a capacitação da engenharia brasileira para enfrentar os desafios presentes e aqueles que estão por vir. Assim, é relevante destacar a expertise brasileira que pode ser comparada às suas congêneres internacionais na elaboração de projetos de engenharia em todos os setores industriais como mineração e siderurgia, papel e celulose, química e petroquímica, óleo e gás, engenharia de software, entre outros.
Podemos afirmar que a qualificação da engenharia alcança os patamares internacionais, lembrando no entanto que, existem segmentos de baixíssima demanda, em que poucos especialistas estão disponíveis em âmbito mundial.
Com a crise instalada no Brasil, associada à instabilidade internacional no mercado de óleo e gás, um dos mais importantes na área de serviços, as construtoras e operadores necessitam reduzir o custo dos projetos. Soluções são necessárias, pois projetos antes economicamente viáveis passam a ser pouco atraentes nos níveis de preço de petróleo previstos nos próximos anos. Os projetos “fit for purpose” até recentemente muito difundidos, justificam muitas das razões para investimentos mais elevados. As empresas de engenharia, construção e operadores revisitaram esse conceito aumentando a flexibilidade, bem como critérios na seleção de equipamentos que acarretavam uma sobrecapacidade desnecessária. Outro fator é a exigência e utilização de códigos e standards efetivamente necessários para as aplicações específicas. Tal conceito está absorvido e as empresas de engenharia já podem apresentar projetos com competitividade internacional mantidos os requisitos de qualidade e segurança.
Entretanto, muitas dessas ações não são suficientes para alavancar a competitividade brasileira em termos globais.
É necessária a realização de um trabalho que deve ser liderado pelas associações de classe representativas do setor, onde se insere a Abemi para implementar reformas necessárias para o destravamento do setor como, revisão da alta carga tributária e da legislação trabalhista que requer uma revisão ampla, além da preparação e qualificação dos profissionais de execução por meio de ações aplicadas desde a formação nas escolas técnicas, para que seja possível preparar profissionais qualificados e capazes de atender a demanda prevista, seja na área técnica ou em gestão e liderança.
A Abemi é talvez a única associação nacional que congrega toda a rede de fornecimento da engenharia: projetos e gerenciamento, construção civil, montagem eletromecânica, manutenção e fabricação.
Essa característica permite à Abemi representar de forma uníssona todos os setores interessados, tomando ações de forma institucional no interesse de suas associadas.
No atual momento político-econômico atuamos fortemente na união de esforços para a obtenção de soluções que satisfaçam as expectativas e necessidades das empresas do setor.
Para isso além de ações tomadas junto a autoridades e relevantes empresas do setor buscando destravar a economia, atuamos também com outras entidades de classe como associações e Federações Estaduais defendendo a redução dos juros, expansão do crédito, aceleração das concessões de obras de infraestrutura, estímulo às exportações e alterações na legislação que rege a exploração do Pré Sal.
Nelson Romano é engenheiro industrial químico pela FEI, onde também foi professor. Atuou nas áreas de petróleo, petroquímica e gás-químico e passou por empresas como Petrobras, FGV, Petroquímica União, Copene e ABB Lummus Global no Brasil. Atualmente é diretor da Doris Engenharia e presidente da Abemi.