Jovens empreendedores - empresas produtivas
As organizações não existem porque têm ativos tangíveis e, sim, porque atraem, formam e integram pessoas que, impregnadas de uma filosofia voltada para servir, são capazes de buscar a própria realização pessoal, profissional, econômica e emocional, conquistando e mantendo clientes satisfeitos.
Assim, o desenvolvimento das pessoas determina o desenvolvimento das organizações, proporcionando a única base sustentável da competitividade. Como a nova ordem global impõe desafios cada vez maiores para sobreviver, crescer e se perpetuar, as empresas precisam de indivíduos capazes de pensar política e estrategicamente, que saibam trabalhar em equipe, visualizar o futuro, se comunicar, educar, criar e inovar, dotados de espírito empresarial, preparados para pensar globalmente e agir localmente, decidir com eficácia e fazer com eficiência, atendendo, desse modo, às exigências de um mundo em constante mudança.
Estamos falando, portanto, de uma nova economia que não precisa mais de assalariados e patrões, e sim, parceiros (líderes e liderados). Precisa de empresários que saibam como tornar produtiva sua capacidade de realização e como transformar riscos em oportunidades, exercendo sua liberdade com responsabilidade. Aqueles que não foram preparados para receber ordens e executar tarefas e, sim, conquistar e satisfazer clientes, terão sucesso. Nesse sentido, as escolas e universidades devem preparar os jovens para gerir seus conhecimentos, habilidades e competências como se fosse um negócio próprio.
Educar o jovem para que se converta em empresário de seus saberes e fazeres é a função que a família deve iniciar e a escola precisa complementar. O principal desafio de nossas instituições de ensino é oferecer aos jovens a base que lhes permita transformar cada instante da vida profissional em uma oportunidade de aprendizado, de participação e de autodesenvolvimento, que é uma condição para o crescimento individual e o conseqüente crescimento das empresas às quais servem.
Agindo assim, a escola atuará como agente de emancipação pessoal, estimuladora da autonomia produtiva e vetor de uma nova consciência que refuta o tradicional conceito de emprego, altera o padrão de dependência do trabalhador perante o mercado e transcende as visões estreitas que preferem realimentar a dicotomia entre o capital e o trabalho.
Às empresas, cabe oferecer o clima propício para que os jovens, sendo “donos” do seu negócio, aprimorem conhecimentos, comportamentos e atitudes e tenham autonomia sobre o próprio destino porque o mundo começa a conhecer uma nova era nas relações produtivas.
A era anterior – a do emprego, conceito cartorial indutor de acomodação – cada vez mais cede espaço para a era em que começa a se impor a consciência de que o profissional pode e deve se auto-remunerar por meio de parte dos resultados que produz. Os resultados gerados têm de ser maiores do que as necessidades de sobrevivência do trabalhador e da empresa, de modo que o excedente possa permitir o crescimento de ambos e a criação de novas oportunidades para outros trabalhadores, também dotados do espírito empresarial.
Um dos efeitos desta nova realidade é a preponderância do conceito de prestação de serviços, que determina que, independentemente da atividade econômica em que a empresa atue, o que desloca é a ênfase das frias relações de negócios para as interfaces entre as pessoas. Nesse contexto, as instituições educacionais e as empresas são co-responsáveis pela formação dos jovens de talento para que, no futuro, estejam aptos a servir seus clientes, vendo, sentindo, entendendo, decidindo, agindo e reagindo em ambientes negociais cada vez mais complexos.
Emílio Odebrecht é o atual presidente do Conselho de Administração da Odebrecht, onde atuou como diretor presidente por dez anos.