Hideo Hama esclarece saída da Automind
É verdade que você vendeu a sua posição acionária na Automind?
HIDEO – Sim, é verdade. Após 34 anos de sua fundação em 1987, me decidi pela venda da minha posição majoritária na empresa (44.59%), em fins do ano passado.
O que fez você se interessar por automação há 34 anos, ao fundar a Automind?
HIDEO – Este foi de fato uma ação interessante. A COPENE, atual BRASKEM, já era na época uma empresa de vanguarda na petroquímica brasileira e na tecnologia de automação, e contratou a Lummus Engineering dos EUA para a automação da sua fábrica em Camaçari. Após a implantação total do projeto - pioneiro em indústrias de processo no Brasil - parte da equipe de engenheiros brasileiros que participaram do desenvolvimento, com excelente capacitação e treinamento, ficou sem novos desafios e carga de trabalho, correndo o risco de desatualização por ociosidade.
Alguns destes profissionais, vários oriundos de outros estados, estavam muito bem estabelecidos com suas famílias em Salvador. A perspectiva do momento era o avanço da automação no Brasil e o crescimento do Polo de Camaçari, o que os motivou a nos procurar para montar uma empresa brasileira de engenharia de automação. Inicialmente, o engenheiro Fábio Gaiarsa se associou à Fluxo Instalações, obtendo 42% do negócio.
A ideia de constituir a empresa de automação foi do visionário Antonio Buzatto Costa, gerente da Copene na época, que aproximou o Gaiarsa da Fluxo Instalações. Posteriormente, com a cooptação de outros engenheiros como Humberto Guglielmotti, Antonio Manuel Carneiro e Hélio Monteiro Farias, a empresa ganhou corpo e substância.
O grupo de engenheiros necessitava de um investidor, que estivesse disposto a dar estrutura empresarial à interessante ideia. Apesar de na época não se falar muito em automação no Brasil, tive a intuição de que seria um negócio do futuro e embarcamos na ideia, indo direto ao casamento, sem noivado. Em linguagem presente, era o nascimento de uma start-up na área de automação.
E a Automind logo conseguiu contratos?
HIDEO – A equipe técnica era reconhecida pelo mercado e logo os trabalhos começaram a chegar. Entre 1987 a 1990 foram projetos junto à Metanor, Politeno, Polialden, Copenor, Nitrofértil e Ciquine. Em 1991, começamos fazer importantes serviços na Copene, como a automação das Unidades de Água Desmineralizada, Unidades de Tratamento de Água, Parque de Tanques, Sistema de Detecção de Vazamentos no Pipeline de Etileno entre Camaçari e Maceió, Plano Diretor de Automação da PQU - muitos destes projetos ligados às empresas representadas pela Fluxo, como a Filsan, como foi o caso das unidades de tratamento e desmineralização de água e ABB, no sistema SCADA do pipeline de etileno. Outro projeto ligado à Fluxo Instalações foi o das elevatórias de esgoto de Salvador e o Projeto Baía Azul, da ETE de Salvador, executados pela ABB. Outros bons projetos foram iniciados com a Petrobras na área de E&P. Um projeto marcante foi a automação das elevatórias e ETE da Cetrel.
Daí até 2021 foram 30 anos. E a composição societária sempre esteve entre os engenheiros e a Fluxo Instalações?
HIDEO – Não exatamente. Em 1995, a Fluxo Instalações não se interessou mais pelo negócio, e vendeu sua parte para a minha empresa patrimonial Techba.
Ao longo do tempo, a Automind abriu oportunidade para os seus gerentes adquirirem posições acionárias. Em 2000 já eram 9 os acionistas, além da Techba. Por sua vez, a tendência da Automind era abrir mais ainda o capital para novos sócios e entrar na área de fornecimento de equipamentos, que é o principal objetivo de outra empresa a qual a Techba é sócia, a FLUXO SOLUÇÕES INTEGRADAS.
Foi neste momento que, em vista da perspectiva próxima de uma colisão de interesses entre a FLUXO e Automind, aproveitei o surgimento de novos potenciais acionistas para ingressar na Automind e resolvi vender a minha parte na sociedade para estes novos entrantes, em sua maioria, gerentes da empresa.
E agora?
HIDEO – Após tantos anos de negócios, chegou o momento de seguir um novo rumo. Fazer história é estar alinhado às exigências do presente, utilizando os ensinamentos e experiências acumulados no passado. Agradeço a todos que tive a oportunidade de desenvolver projetos, trocar conhecimentos e oferecer serviços. Permaneço com a sensação de dever cumprido e a convicção que os louros foram colhidos e as lições aprendidas por ambas as partes.